sexta-feira, 15 de maio de 2009

SER CRIANÇA NÃO SIGNIFICA TER INFÂNCIA

O que se faz num domingo chuvoso, desses que você gostaria de ter como companhia um bom cobertor de orelha e um prato de brigadeiro para comer de colher?
Essa seria uma cena altamente romântica, mas diante das minhas possibilidades tive que optar por um copo de iogurte de morango, uma fatia de melancia e meu notebook para assistir uns documentários no site Portas Curtas Petrobrás. Fiquei com as frutas porque o brigadeiro engorda muito e não alimenta e o cobertor de orelha que eu queria não podia estar comigo... Então, preferi investir num lado mais cult!
Você deve “tá” se perguntando o que essa louca quer explicando tudo isso com esse título falando de crianças, né? Pois bem, lá vai!
Estava assistindo o documentário que está disponível neste post: “A invenção da infância”, de Liliana Sulzbach que mostra o dia a dia de algumas crianças brasileiras; fazendo um paralelo com a “gurizada” que faz parte de uma classe social mais privilegiada e das menos favorecidas financeiramente. Fiquei pensando na minha infância e em tudo que meus pais me proporcionaram... E eu, sempre exigindo mais! A verdade é que ninguém está satisfeito com que tem, né? (Mas isso pode ser contado em outro post...)
Daí, lembrei das crianças pobres que deram o depoimento no documentário e fiquei indignada com a falta de oportunidade dessas “pessoinhas”. Infelizmente eu pouco posso fazer para mudar esse cenário, mas o que posso fazer é me indignar com as políticas públicas que parecem não enxergar essa situação surreal de ver crianças trabalhando como adultos em carvoarias, minas, carregando pedras.
Essas crianças não sabem nem o que é um sonho, pois vivem acordadas num eterno pesadelo, com as mãos cheias de calos, com dores no corpo e a saúde sempre precária.
O que pode ser feito para ajudar? É uma obrigação nossa? Eu sou meio descrente desse lance de dar dinheiro pros outros na rua, pois já fui enganada e detesto quando isso acontece! Me contaram uma historinha triste e não era nada daquilo que falaram... Pediram dinheiro pra comprar leite e quando vi estavam cheirando cola. E eu que sempre acreditei no ser humano... Por isso, que de agora em diante não dou mais moeda nenhuma! Só ajudo dando comida, um lanche, comprando leite. Em espécie não mais! Essa não é uma obrigação dessa tal de políticas públicas não?
Conversando com uma pessoa na rua essa semana, a mesma citou que sempre que vê uma criança pedinte dá um trocado e eu fiquei me questionando se a minha atitude de não dar dinheiro é a mais acertada?
Enfim, a Declaração Universal dos Direitos das Crianças no dia 20 de novembro completará 50 anos, e durante essas cinco décadas nada mudou para essas crianças de periferia e do sertão.
Será que é DIREITO dessas crianças envelhecerem fisicamente antes do tempo por maus tratos e com a ajuda da força implacável do sol? Será que é DIREITO dessas crianças criar calos nas mãos com o peso da inchada e sentir-se na obrigação e ter a responsabilidade de levar uns trocados para ajudar na despesa da casa?
Vivemos realmente num lugar onde a injustiça e desigualdade social imperam!
Será que esse é o Brasil que gostaria de viver? Acho que não! Muito menos esse é o Brasil que quero pra minha sobrinha crescer! Mas pensando bem... Acho que não saberia viver sem ser aqui, hehehe.
Pra finalizar eu cito uma frase que foi referência na campanha ufanista do período de regime militar: “BRASIL: AME-O OU DEIXE-O!”

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